As conhecidas “formigas infernais” extintas estão entre as primeiras formigas conhecidas. Elas divergiam de linhagens antes de seu ancestral comum mais recente de todas as formigas vivas e possuía peças bucais em forma de foice, junto com uma variedade de projeções cefálicas em forma de chifre em seu pequeno rosto.
Após ser estudada em um fóssil de âmbar preservado de 99 milhões de anos, os pesquisadores têm uma visão muito mais detalhada de como as formigas do inferno caçavam com as mandíbulas semelhantes a foices e projeções cefálicas de chifre.
Os pesquisadores da Universidade de Rennes, França, do Instituto de Tecnologia de Nova Jersey e da Academia Chinesa se Ciências, revelaram em seu estudo conjunto um fóssil de 99 milhões de anos que continha uma formiga preservada do período Cretáceo, a chamada 'formiga do inferno' (haidomirmecina) enquanto matava sua ultima vítima, uma espécie de barata conhecida como Caputoraptor elegans. As descobertas dos pesquisadores foram publicadas na revista Current Biology (2020).
As descobertas da equipe confirmam a hipótese de que as formigas do inferno capturaram outros pequenos artrópodes entre a mandíbula e o seu chifre de uma maneira que só poderia ser alcançada articulando suas peças bucais em um plano axial perpendicular ao das formigas mais modernas.
O âmbar, após ser recuperado de Mianmar, ofereceu um vislumbre detalhado de uma espécie de formiga antigas pré-histórica recém-identificada como Ceratomyrmex ellenbergeri.
Pesquisadores dizem que esse fóssil raro demonstra totalmente o modo de alimentação da formiga infernal, oferecendo assim, uma possível explicação evolutiva para sua morfologia incomum, destacando uma diferença entre alguns dos primeiros parentes das formiga, que hoje apresentam uniformemente peças bucais que se agem ao se moverem lateralmente.
O desenvolvimento e evolução que levaram à articulação vertical da mandíbula ainda não são conhecidos hoje em dia. Cerca de 20 milhões de anos atrás, as condições que levaram à extinção das formigas haidomyrmecinas pela América do Norte, Ásia e na Europa ainda não são claras.
Uma análise filogenética realizada no estudo recentemente de formigas cretáceas e modernas indicou que as formigas do inferno são tipo de um grupo-tronco monofilético.
No entanto, no momento desta análise, apenas três gêneros de haidomyrmecina eram conhecidos.
Os pesquisadores compararam a morfologia da boca e da cabeça da Ceratomyrmex e outras formigas do inferno, juntamente com conjuntos semelhantes de espécies vivas.
A equipe conduziu uma análise bem filogenética para que fosse reconstruído as relações evolutivas entre as formigas cretáceas e as modernas.
As análises dos pesquisadores confirmaram também que as formigas infernais pertencem a um dos primeiros ramos da árvore evolutiva das formigas e são os parentes mais próximos um do outro. As análises da equipe demonstraram que os chifres alongados evoluíram pelo menos duas vezes nas formigas do inferno.
“À medida que nosso planeta passa por seu sexto evento de extinção em massa, é importante que trabalhemos para entender a diversidade extinta e o que pode permitir que certas linhagens persistam enquanto outras desaparecem. Acho que os insetos fósseis são um lembrete de que mesmo algo tão onipresente e familiar como as formigas foram extintas", disse Phillip Barden, professor assistente do Departamento de Ciências Biológicas (NJIT) e também principal autor do estudo.