Um estudo realizado pelos pesquisadores da Universidade Estadual de Mato Grosso e da Universidade de Exeter descobriram que os primeiros habitantes fertilizavam o solo com carvão de restos de fogo e resíduos de alimentos. O estudo foi publicado na revista Global Ecology and Biogeography.
Nele, eles mostram a inovação dos antigos agricultores para melhorar a fertilidade do solo continua a ter um impacto na biodiversidade da Amazônia.
Áreas com essa textura de terra escura têm um alto conjunto diferente de espécies que a paisagem circundante, que contribui para um ecossistema mais diversificado com uma coleção mais rica de espécies e vegetais na região.
Terra escura. (Foto: Ben Hur Marimon Junior) |
Uma quipe de arqueólogos e ecologistas estudaram as áreas abandonadas ao longo do principal trecho do rio Amazonas, próximo a Tapajós e nas cabeceiras da bacia do rio Xingu, sul da Amazônia.
Devido ao uso atual de ADE pelas populações locais, eles fizeram redução do tamanho das parcelas para alocá-las às áreas mais preservadas da floresta.
O enorme legado desse manejo de terra há milhares de anos atrás significam que existem milhares desses fragmentos de terra escura espalhados por toda região, a maioria do tamanho de um pequeno campo.
O número de comunidades indígenas que vivem na Amazônia desabou após a colonização européia da região, o que significa que muitas áreas escuras da terra foram abandonadas.
Essse estudo também revele pela primeira vez até que ponto os ameríndios pré-colombianos influenciaram a estrutura e a diversidade atuais da floresta amazônica das áreas que antes cultivavam.
Este é o primeiro estudo a poder medir a diferença de vegetação em áreas de terra escura e não escura em florestas maduras em uma região com mil quilômetros.
Os pesquisadores amostraram cerca de 4.000 mil árvores no sul e leste da Amazônia. Áreas com a terra escura apresentaram pH significativamente mais alto e mais nutrientes que melhoraram a fertilidade do solo. Fragmentos de cerâmica e muitos outros artefatos também foram encontrados nos solos escuros.
Fazendo exames de espécies florestais. (Foto: Dr. Edmar Almeida de Oliveira) |
Nossos locais de estudo no sul e no leste da Amazônia não mostraram um efeito positivo ou negativo na fertilidade do solo sobre a riqueza de espécies lenhosas, sugerindo que a fertilização a longo prazo não contribui para aumentar a riqueza local em parcelas dentro das manchas ADE, de acordo com o estudo.
Hoje, muitas áreas com essa terra escura são cultivadas por populações locais e por tribos indígenas, que tiveram grande sucesso com suas culturas alimentares e colheitas.
As regiões e a áreas com grande terra escura estão sendo altamente ameaçadas devido ao desmatamento ilegal e incêndio pela região.
Mas a maioria ainda está escondida hoje na sua floresta nativa, contribuindo para o aumento do tamanho de árvores, o estoque de carbono e biodiversidade regional.
As altas e exuberantes florestas da Terra Preta de Índio e sua riqueza biológica e cultural na Amazônia devem totalmente preservadas como um legado para as gerações futuras, de acordo com os pesquisadores desse estudo, e eles têm razão.