Mais antigo lagarto fóssil da América do Sul é descoberto em Minas Gerais

Os antigos restos fósseis de uma nova espécie de lagarto foram encontrados no norte de Minas Gerais, no Brasil. Ele foi nomeado de Neokotus sanfranciscanus e é o representante mais antigo da ordem Squamata já encontrada no continente da América do Sul. Esse tipo de lagarto viveu mais de 130 milhões de anos atrás, no que hoje é o estado de Minas Gerais.


Os Squamates ou escamados têm uma história evolutiva extremamente longa com um registro fóssil que se estende ao tempo do Triássico Médio. Na América do Sul é um exemplo de um dos maiores hotspots do mundo em diversidade de vertebrados, abrigando diferentes espécies de lagartos e cobras (squamates)


A sua morfologia difere da de todas as outras espécies conhecidas de lagartos hoje em dia. (Foto: Jonathas Bittencourt)


O artigo completo sobre o fóssil é descrito em um artigo que foi publicado na Communications Biology (2020). 


Essa descoberta mostra que os lagartos em escala estavam presentes no continente sul-americano pelo menos 20 milhões de anos antes do que foi registrado anteriormente. O animal encontrado tinha aproximadamente 10 cm de comprimento.


O nome do Neokotus vem do grego e significa "romance e desconhecido". Esse nome foi escolhido porque a morfologia deste antigo animal difere de várias maneiras da de todas as outras espécies de Squamata. Já o  específico sanfranciscanus refere-se ao fato de que os restos fossilizados desse lagarto foram encontrados na Formação Quiricó, que fica na Bacia do Rio São Francisco, em MG.


Enquanto Bittencourt estava coletando escamas de pequenos tubarões na margem do Rio São Francisco ele se adorou com um bloco de sedimentos que continha vértebras, dentes e mais outros ossos. Após montar os ossos descobertos no Rio e analisar os restos que não pareciam pertencer a um peixe, ele percebeu que pertenciam a um tipo de lagarto. Bittencourt descobriu o Neokotus sanfranciscanus por acaso.


A localidade e nível estratigráfico do Neokotus sanfranciscanus. (Foto: Tiago Simões)


Os leitos onde o espécime Neokotus descrito foi encontrado são compostos de pedras de barro bioturbadas, depositadas em ambientes lacustres rasos. O registro fóssil da Formação Quiricó também inclui palinomorfos terrestres, plantas terrestres e aquáticas.  


Holótipo de Neokotus sanfranciscanus. Pré-maxilas nas vistas (ab) anterior, (cd) posterior e (e) dorsal. Maxilas nas vistas lateral (fg) lateral (ramo esquerdo), (h) lateral (ramo direito), (I) medial (ramo direito). j Jugal direito na vista dorsomedial. Mandíbula esquerda (dentária e esplenial) nas vistas medial (kl) medial e (mn) lateral (parte anterior). o Dentes anteriores do dentário esquerdo. (p) Dentes maxilares esquerdos. (q) Dentes maxilares isolados. (cd), crista dental; (ef), forame etmoidal; (f), forame; (FP), processo facial; (mkc), canal de Meckelian; (mp), processo maxilar; processo nasal; (rp), poço de reabsorção; sp, esplenial; (ss), prateleira subdental; (vc), crista ventral do dentista. (Foto: Tiago Simões)


O estudo foi realizado e conduzido por Jonathas Bittencourt, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). estudo foi financiado pela Fundação de Pesquisa de Minas Gerais a (FAPEMIG) por meio de bolsa concedida à Bittencourt e pela FAPESP por meio de um Projeto Temático sendo liderado pelo prof. Langer

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