Microplásticos detetados pela primeira vez no mar da Antártica


Foram encontrados pequenos pedaços de plástico no gelo do mar da Antártida pelo que os cientistas acreditam ser a primeira vez que tal acontece, de acordo com estudo citado pelo ‘The Guadian’.

Os microplásticos estavam localizados nas águas superficiais da Antártida, uma descoberta que pode significar que o conjunto de espécies que habita na região e se alimenta de algas do gelo do mar, pode estar agora mais exposto ao plástico.

(Foto: Wkimedia, Flickr - Jason Auch, dezembro de 2008)


Os especialistas encontraram cerca de 96 pedaços de plástico com menos de 5 milímetros de largura através de uma análise do núcleo de gelo, armazenado em Hobart, Tasmânia. O estudo analisou 14 tipos diferentes de plástico e, em média, foram encontrados cerca de 12 pedaços de plástico por litro de água.

Anna Kelly, do Instituto de Estudos Marinhos e Antárcticos da Universidade da Tasmânia, foi a principal autora do estudo, publicado no Boletim de Poluição Marinha.

"O afastamento do Oceano Antártico não foi suficiente para protegê-lo da poluição plástica, que agora está presente em todos os oceanos do mundo", disse. 

Kelly disse ainda que as concentrações encontradas no núcleo de gelo da Antártida eram um pouco menores do que as verificadas num estudo anterior que encontrou micro-plásticos no gelo do Árctico.

"Os polímeros microplásticos no nosso núcleo de gelo são maiores do que os do Árctico, o que pode indicar fontes locais de poluição, porque o plástico tem menos tempo para se decompor em fibras menores do que se transportasse longas distâncias nas correntes oceânicas", afirma a especialista.

Kelly refere também que "Os vestígios de plástico podem incluir roupas e equipamentos usados ​​por turistas e investigadores, enquanto o facto de também termos identificado fibras de verniz e plástico normalmente usados ​​na indústria da pesca, sugere uma fonte marítima".

Delphine Lannuzel, professor e co-autor do estudo, indica que um químico de gelo marinho ajudou a perfurar o núcleo a cerca de dois quilómetros da costa da Antárctida.
O núcleo foi retirado do "gelo rápido", que se forma ao longo da costa e não é móvel, ao contrário do gelo compactado. 

O núcleo analisado tinha cerca de 1,1 metros de comprimento e cerca de 14 centímetros de largura. Lannuzel disse que quando os investigadores analisaram o núcleo, descobriram que os plásticos estavam rodeados por algas que cresceram no gelo.

"O gelo marinho é o habitat das principais espécies. O Krill (conjunto das espécies da região) define tudo o mais na cadeia alimentar e depende do crescimento das algas marinhas do gelo», afirma acrescentando que «quando pensamos que as algas do gelo marinho estão associadas aos plásticos, pensamos na bio-acumulação dos plásticos no krill e nas baleias".

Pesquisa: Executive Digest

- Simone Silva, (22/04/2020)
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